(1898) R. STRAUSS Poema Sinfônico "Vida de Herói"

Ein Heldenleben

Compositor: Richard Strauss
Número de catálogo: Opus 40 / TrV 190
Data da composição: 1898
Estréia: 3 de março de 1899 em Frankfurt — Frankfurter Opern- und Museumsorchester, regência do autor

Duração: cerca de 45 minutos
Efetivo: 1 Piccolo, 3 Flautas, 4 Oboés (sendo que um alterna com corne-inglês), 3 Clarinetas, 1 Clarineta-baixo, 3 Fagotes, 1 Contra-fagote, 8 Trompas, 5 Trompetes, 3 Trombones, 1 Tuba-tenor (ou Euphonium), 1 Tuba, Tímpanos, 1 Bumbo, 1 Caixa-clara, Pratos, Tamborim, Gongo, 2 Harpas, 1 Violino-solo, e as Cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos contra-baixos)

Strauss quis dedicar essa obra à Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam e seu regente, à época o jovem Willem Mengelberg. A peça não se apóia em literatura ou enredo pré-existente, contrariando em certa medida a verdadeira natureza de um poema Sinfônico, mas traça a trajetória de "um herói", antes a visão de si mesmo, das dificuldades vencidas. 
     
"Vida de Herói" se divide em 6 partes, ininterruptas:
I. O Herói. Surge o tema do Herói, muito parecido com o tema utilizado em "Don Juan";
II. Os Inimigos do Herói. A luta contra a mediocridade; e, porque não?, contra os críticos;
III. A Companheira do Herói. Em cena o violino solista, simbolizando a mulher amada e suas nuances;
IV. O Campo de batalha do Herói. A luta por sobrevivência artística, a batalha diária, o cotidiano...?;
V. As Obras de Paz do Herói. Vencedor, Strauss relembra temas de "Don Juan" e "Zaratustra";
VI. O Herói se retira do Mundo. Após algumas passagens bucólicas e melancólicas, a apoteose.

A obra é a culminância de um período no qual ele havia criado grandes Poemas Sinfônicos, como o "Zaratustra" e "Don Juan", mas não atinge o mesmo fervor dramático — embora o colorido orquestral e as diversas emoções retratadas garantam uma interessante execução para a platéia que assiste — e a recepção, na época, foi confusa: se por um lado os jovens Schoenberg e Bartók seriam fortemente influenciados por ela, por outro Stravinsky cunhou a maldosa expressão "banalidade triunfante" para definir a música do colega.

As exigências para a orquestra são enormes e cada instrumentista encontrará passagens de grande dificuldade técnica. A fluência das frases é própria do estilo do autor, derramadas, líricas, espaçosas, pontuadas por floreios dos sopros de madeira. Como Mahler, Strauss adota sonoridades vindas de longe do palco (bem perceptíveis no quarto trecho, o "Campo de batalhas"), e a execução é rica do ponto-de-vista do espetáculo sinfônico em si. Trata-se de um exercício de grande virtuosismo para a orquestra e, pelas dimensões, "Vida de Herói" bem poderia ser classificada como Sinfonia.

© RAFAEL FONSECA