Wolfgang Amadeus MOZART

Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart (nome de batismo)
Wolfgang Amadè Mozart (como ele assinava; Amadè, outras vezes Amadeo, que é a italianização do grego Teophilus)
 
Salzburg, 27 de janeiro de 1756 — Viena, 5 de dezembro de 1791
    
Catálogo KV 1 - 626 ("Köchel-Verzeichnis", organizado cronologicamente por Ludwig von Köchel em 1861)
Catálogo K-6 (Sexta e mais recente atualização do KV, contemplando obras descobertas entre 1861 e 1983)

Quando se pensa num gênio precoce na história da música, nenhum impressionará mais que Mozart. Suas composições infantis, ou mesmo obras de adolescência, tem a palavra "milagre" como sinônimo.

Mozart teve condições de aflorar seu gênio tão cedo graças ao pai, Leopold, músico de talento da Corte do Arcebispado de Salzburg. À época, acreditava-se que o pai é quem escrevia as melodias para fazer pequenas obras parecerem compostas pelo menino, mas estudos hoje mostram, pelo estilo, que aquelas são mesmo obras do garoto. As lendárias viagens às mais importantes cortes européias renderam fama e algum dinheiro, mas logo a família notou que um rapaz de 14 anos não despertava o mesmo interesse que um menino de 8. Mas ao contrário do que muitas vezes ocorre a um talento tão precoce, que se vê esmagado emocionalmente por essa perda de interesse, Mozart manteve um nível altíssimo em suas composições.

De temperamento inquieto e exótico, ele teve muitos conflitos com seu principal patrono, o Príncipe-Arcebispo Hieronymus Colloredo. Em 1781, já com 25 anos, numa viagem a Viena na qual integrava a comitiva em visita ao Imperador, Mozart ousou pedir dispensa do rabugento chefe, causando escândalo geral. Estabeleceu-se como professor de piano e compositor independente — o primeiro caso de músico free-lancer na história — na capital do Império. Suas óperas eram sucesso no Teatro da Corte e muitas encomendas haviam, mas seu talento para gastar dinheiro era quase tão grande quanto o de compositor e ele vivia administrando dívidas.

Sua produção adulta é surpreendente num Classicismo que, de certa forma, havia engessado os compositores em esquemas e fórmulas; pois mesmo trabalhando nesses limites formais, sua obra sempre surpreende e conquista. No campo sinfônico, seu legado mais importante são os 27 Concertos para piano, a base do repertório no qual iriam brilhar Beethoven, Chopin, Brahms ou mesmo Tchaikowsky — são 27 "diálogos" de harmonia e equilíbrio insuperáveis entre o pianoforte (essa novidade que ele viu aparecer) e o conjunto orquestral que testemunham seu desenvolvimento enquanto artista.

O mais importante em sua obra, a meu ver, é o elemento surpresa, além da beleza e do encantamento de seus temas melódicos. Mozart é, no fim das contas, pura alegria.

© RAFAEL FONSECA


Catálogo K:

K 133 - Sinfonia n. 20
K 204 - Serenata n. 5
K 216 - Concerto para violino n. 3
K 304 - Sonata para violino n. 21
K 320 - Serenata n. 9 "Trompa de Postilhão"
K 338 - Sinfonia n. 34
K 364 - Sinfonia-concertante para violino e viola
K 365 - 
Concerto para piano n. 10
K 427 - Missa n. 18 "Grande"
K 447 - Concerto para trompa n. 3
K 453 - Concerto para piano n. 17
K 467 - Concerto para piano n. 21
K 477 - Música para um funeral maçônico
K 482 - Concerto para piano n. 22
K 491 - Concerto para piano n. 24
K 492 - Ópera "As bodas de Figaro"
K 503 - Concerto para piano n. 25
K 537 - Concerto para piano n. 26 "Coroação"
K 540 - Adagio para piano
K 543 - Sinfonia n. 39
K 550 - Sinfonia n. 40
K 551 - Sinfonia n. 41 "Júpiter"
K 571 - Danças alemãs
K 576 - Sonata n. 18
K 581 - Quinteto com clarineta
K 588 - Ópera "Assim fazem todas"
K 620 - Ópera "A Flauta Mágica"
K 621 - Ópera "A Clemência de Tito"
K 626 - Réquiem
    

Obras em ordem cronológica:

  
(1772) Sinfonia n. 20
(1775) Serenata n. 5
(1775) Concerto para violino n. 3
(1778) Sonata para violino n. 21
(1779) Sinfonia-concertante para violino e viola
(1779) Serenata n. 9 "Trompa de Postilhão"
(1780) Sinfonia n. 34
(1780) Concerto para piano n. 10

(1783) Missa n. 18 "Grande"
(1784) Concerto para piano n. 17
(1785) Concerto para piano n. 21
(1785) Concerto para piano n. 22
(1785) Música para um funeral maçônico
(1786) Concerto para piano n. 24
(1786) Ópera "As bodas de Figaro"
(1786) Concerto para piano n. 25
(1787) Concerto para trompa n. 3
(1788) Concerto para piano n. 26 "Coroação"
(1788) Adagio para piano
(1788) Sinfonia n. 39
(1788) Sinfonia n. 40
(1788) Sinfonia n. 41 "Júpiter"
(1789) Danças alemãs "K. 571"
(1789) Sonata n. 18
(1789) Quinteto com clarineta
(1791) Ópera "A Clemência de Tito"
(1791) Ópera "A Flauta Mágica"
(1791) Réquiem