(1812) BEETHOVEN Sinfonia n. 7

Compositor: Ludwig van Beethoven
Número de catálogo: Opus 92
Data da composição: 1811/1812
Estréia: 8 de dezembro de 1813 — Universität, Viena, regência do autor

Duração: 35 a 40 minutos
Efetivo: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpano e cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Ritmo é a matéria primordial nesta obra. Richard Wagner, apaixonado por ela, apelidou-a de “A apoteose da Dança”. De fato, Beethoven explora a temática musical apostando na pulsação, assim como ele já havia feito com a Quinta. Mas, na Quinta, há um desenvolvimento dramático mais denso, a Sinfonia se expõe subliminarmente como trajetória, dando a entender a existência de um “sujeito” (o que fez muitos acreditarem que ela seria a resposta à “Eroica”, colocando-se dessa vez contra Napoleão). Aqui na Sétima não: a música é música e parece prescindir da necessidade de belas frases musicais; é Beethoven levando ao máximo sua capacidade de desenvolver uma obra inteira através de micro-temas, melodias celulares. (O que o colocaria, em certa medida, como antecipador, em mais de um século, da música minimalista de um Philip Glass).

São 4 movimentos:

I. Poco sostenuto — Vivace
(Pouco sustentado, o que literalmente significa sustentar a duração das notas ao limite — Vivo, vigoroso, mais rápido que o Allegro) — de 11 a 15 minutos
Numa explosão sonora, tudo inicia-se num acorde de toda a orquestra — e dele brota um lamento do oboé. Mas antes mesmo que esse lamento se realize, novo acorde, agora fazendo “chorar” a clarineta, que é novamente interrompida por esse insistente tutti em uníssono, e dali trompa e flauta tentarão “desenhar” a melodia. Perfazendo as vezes da introdução lenta (somente utilizada por ele nas Sinfonias n. 1, 2 e 4), as cordas já mostram o caráter da Sinfonia, marcando o tempo com obsessiva respiração. Isso enquanto sopros tentam dar um caráter melodioso à obra. Mas logo eles mesmo se rendem, ficando a cargo das flautas “entenderem” tal proposta e, fazendo a transição, terminam a introdução e começam a primeira “dança” da obra. Dali para diante, um vigoroso bailado rítmico, furioso, toma conta do movimento.

Estavam tocando na orquestra, no dia da estreia, nomes dos mais importantes: Spohr, Hummel, Meyerbeer, Salieri, Schuppanzig e Dragonetti. De brincadeira, entre eles, a piada era que Beethoven deveria ter composto a obra após uns copos a mais. Carl Maria von Weber, ouvindo a conclusão desse primeiro movimento, chegou a declarar que Beethoven estaria “pronto para o manicômio”.

II. Alegretto 
(Quase rápido, mais lento que o Allegro) — de 8 a 10 minutos
O Segundo movimento, marcha de caráter fúnebre, mas de uma beleza comovente, foi o responsável pelo sucesso imediato dessa obra. O mais incrível é que a melodia propriamente dita é de simplicidade desconcertante, quase inexistente, numa repetição onde pouco se alteram as notas. E a força alcançada é imensa.

III. Presto — Assai meno presto
(Bem rápido, bem mais rápido que Allegro — Bem menos rápido) — 7 a 9 minutos
O Terceiro movimento, em Presto, é um Scherzo de tempo impiedoso e caráter humorístico, num contraste absoluto com o movimento anterior. Thomas Beecham, o lendário maestro inglês, dizia jocoso: — “Afinal, o que se pode fazer com aquilo? É como tentar domar touros selvagens”.
 
IV. Allegro con brio 
(Rápido, com vigor e espírito) — 7 a 8 minutos
O finale é um Allegro con brio, tempo tão usual em Beethoven, que mergulha o ouvinte numa pulsação ainda mais delirante, como uma alegria impossível de conter, um estado de euforia incontrolável.

A força vital dessa obra faz dela uma das favoritas no repertório, e suas características a fazem perigosa para jovens regentes — como apontava Herbert von Karajan, que a via como uma obra para se abordar após certa maturidade.

© RAFAEL FONSECA