Piotr Ilyich TCHAIKOWSKY

Pjotr Il'ích Chajkóvskij
(transliteração de Пётр Ильи́ч Чайко́вский)
  
Votkinsk, 7 de maio de 1840 — São Petersburgo, 6 de novembro de 1893
  
Catálogo Opus 1 - 74 (publicados em vida); 75 - 80 (publicação póstuma, até 1900); muitas obras não publicadas
   
Catálogo TH 1 - 200 ("The Tchaikovsky Handbook", organizado por gêneros em 2002 por Alexander Poznansky e Brett Langston); 201 - 254 os trabalhos inacabados ou incompletos
   
Catálogo ČW 1 - 595 ("Čajkovskij's Works", organizado por gêneros em 2006 por Polina Vaidman, Liudmila Korabel'nikova e Valentina Rubtsova)

Tchaikowsky foi um menino frágil e muito sensível; somente pôde dedicar-se exclusivamente à música depois de estudar direito e empregar-se no Ministério da Jurisprudência russo, como queria seu pai. Logo largou tudo para ingressar no recém-inaugurado Conservatório de São Petersburgo, sob a orientação do músico (e futuro amigo) Nikolaj Rubinstein. Em 1865 já era professor no mais novo Conservatório da Rússia, o de Moscou. A Abertura "Romeu e Julieta" é sua primeira composição importante, de 1869 (mas que viria a ser bastante modificada em 1880).

Em 1875 escreveria a obra que tornaria seu nome célebre: o Concerto para piano n. 1, que planejava dedicar ao amigo e mestre Rubinstein, mas este rejeitou raivosamente a partitura, que seria estreada por Hans von Bülow na América. Ironia do destino, seria o mesmo Rubinstein o responsável pelo primeiro sucesso da obra, tocando-a anos mais tarde em Paris.

Homossexual, Tchaikowski viveria atormentado pela pressão de uma sociedade conservadora, decidindo-se casar em 1877 com Antonina Miliukova. O casamento não duraria um mês, jamais fora consumado, e o compositor se punha em nervos à simples menção do nome da esposa, que morreria ainda como "Sra. Tchaikowsky" em 1917. A Quarta Sinfonia é o retrato da grande tormenta vivida durante o casamento-relâmpago.

O ano de 1877 trouxe outra mulher à vida do compositor que alteraria o curso dos acontecimentos também de maneira definitiva, mas para o bem. A riquíssima Madame Nadezhda Von Meck, que já era patronesse de Nikolaj Rubinstein, propõe a ele mecenato. As preocupações materiais saem completamente de cena — não é à toa que o Concerto para violino, escrito logo a seguir, é tão radiante — e Tchaikowsky poderia ocupar-se dali pra diante somente com suas obras e todo o processo criativo deveria ser relatado à ela, por carta... E somente por carta. Uma exigência da benemérita é de que eles nunca se encontrassem pessoalmente, o que, de fato, nunca ocorreu.

Mais seguro, com suporte material e mantendo a esposa à distância, ele entregou-se às suas mais consistentes e belas composições, como a Quinta Sinfonia, e o grande balé "A Bela Adormecida". Reconhecido mundo afora, em 1891 ele é a grande estrela na inauguração do Carnegie Hall, em Nova York, regendo o baile de abertura.

Em 1890 é rompido o compromisso entre ele e Von Meck — talvez por dificuldades financeiras dela, talvez por escândalos envolvendo a sexualidade dele, talvez pelas duas coisas — e ele, apesar das inúmeras homenagens e reconhecimento, sente-se cada vez mais inadequado. Começa a escrever sua última Sinfonia, a "Patética", e escreve ao sobrinho dizendo que aquela obra não teria um "ruidoso finale", mas terminaria num longo Adagio, que ele chamou de "Adagio lamentoso". Esse anti-clímax no finale de uma Sinfonia, somado à sua morte dias depois da estréia, fez surgir rumores de que a cólera que o vitimou teria sido proposital, um suicídio. A lenda de que um "Tribunal de honra" o condenou  por sua conduta sexual ganhou força, mas nunca nada ficou comprovado.

Firma-se hoje como o maior compositor russo, embora enfrentasse oposição de muitos de seus compatriotas que acreditavam ser ele dono de uma obra devedora por demais à tradição européia. Na verdade, foi Tchaikowsky quem inseriu a Rússia no cenário musical, amalgamando a tradição sinfônica de Beethoven ao conteúdo tradicional local. E pavimentou o caminho para surgir um Mahler, com obras de grande viés psicológico e emocional. Como depois lembraria Stravinsky: — "Ele é o mais russo de todos nós!".
   
© RAFAEL FONSECA
    
Catálogo de Opus: