Martha Argerich

María Martha Argerich

Buenos Aires, 5 de junho de 1941

Criança-prodígio, que com apenas 3 anos já demonstrava talento ao teclado, e que com 8 apresentava-se pela primeira vez junto a uma orquestra, tocando os Concertos n. 20 de Mozart e n. 1 de Beethoven no Teatro Colón. Nessa época ela tocou na presença do grande pianista alemão Walter Gieseking, que mostrou-se preocupado com os efeitos de tal precocidade. O presidente argentino Juan Domingo Perón, encantado com o talento da jovem, intercedeu nomeando os pais de Martha para um cargo na embaixada em Viena, para que ela pudesse estudar, e lá ela foi aluna de Friedrich Gulda, o que teve enorme influência em seu estilo. Estudou ainda com Nikita Magaloff, Stefan Askenase e Arturo Benedetti Michelangeli.
   
Em 1957, com 16 anos, ela venceu dois importantes concursos: o "Ferrucio Busoni" em Bolzano e o de Genebra. Em 1965 veio a consagração, com o primeiro lugar no Concurso "Chopin" de Varsóvia.
   
Desde o início, Martha ressentia-se da instabilidade advinda das inúmeras viagens. Em 1963 casou-se com o compositor Robert Chen e em 1964 nasceu sua filha Lyda, mas o casamento já havia terminado. Em 1969, o segundo casamento, com o regente suíço Charles Dutoit, pai de sua segunda filha, Annie. Martha teve sua terceira filha, Stéphanie, da relação (nunca oficializada) com o pianista americano Stephen Kovacevich; recentemente, ela lançou um filme sobre a mãe: "Bloody daughter".
    
Freqüetemente Martha declara em entrevistas que se sente sozinha no palco, um sentimento de solidão que ela não encara de maneira positiva. Por esta razão, suas aparições como recitalista são raríssimas. Embora mais comuns, suas aparições como solista junto a orquestra também são esparsas. Sua preferência recai sobre a música de câmara, e seus parceiros mais queridos são o pianista Nelson Freire — com quem realizou duos memoráveis — e o ex Kovacevich, o violinista letão Gidon Kremer e o violoncelista Mischa Maisky (também letão).
   
O adjetico "vulcânica" apareceu quando ela venceu o "Chopin" em Varsóvia, e nenhuma outra palavra pode expressar melhor seu estilo. Dona de um repertório imenso que executa com grande naturalidade — suas mãos mostram-se relaxadas mesmo nas passagens mais difíceis, que ela toca em velocidades inacreditáveis — e de um carisma que lhe rende um enorme número de adoradores. Martha pode ser apontada, sem sombra de dúvidas, como uma das maiores pianistas de nosso tempo, bem como de todos os tempos.
    
© RAFAEL FONSECA