(1863) WAGNER Prelúdio e "Morte de amor" de "Tristão e Isolda"

Handlung "Tristan und Isolde" — Prelude und Liebestod
(Ação cênica "Tristão e Isolda" — Prelúdio e "Morte de amor")

Compositor: Richard Wagner
Número de catálogo: WWV 90
Data da composição: 1857 a 1859
Estréia: 12 de março de 1859 — Praga, regência de Hans von Bülow (somente o Prelúdio)
Estréia: 26 de fevereiro de 1863 — São Petersburgo, regência de Wagner (Prelúdio e Liebestod)

Duração aproximada: 19 minutos (12 o Prelúdio e 7 a Liebestod)

A ópera completa só irá estrear pela batuta de Hans von Bülow em Munique no dia 10 de junho de 1865. Mas a partitura já estava pronta desde 1859 e Wagner autorizou o próprio Bülow a tocar o Prelúdio em seus concertos. Anos mais tarde, ainda antes da estréia da ópera, Wagner criou essa espécie de Poema Sinfônico que une os dois trechos, o Prelúdio e a última cena da ópera, aqui sem o solo da soprano que interpreta Isolda. Hoje também se usa tocar o Prelúdio e a "Morte de Amor" com a soprano cantando o texto conclusivo da ópera.

A partitura do "Tristão" é trabalhada num momento conturbado da vida do compositor. Sem muitas perspectivas de ganho, ele aceita a hospedagem de seu mecenas Otto Wesendonck, e se muda para uma  casa contígua na propriedade dele em Zurique, com sua primeira mulher, Mina. Lá envolve-se com a Sra. Wesendonck, Mathilde, o que dará origem às apaixonadas Canções "Wesendonck" e seu rompimento definitivo com Mina (que intercepta uma carta dele para Mathilde). A conclusão da música vai acontecer no Hotel Schweizerhof em Lucerna.

O tempo é quase inalterado durante a execução:

Vorspiel: Langsam und schmachtend
(Prelúdio: Lento e lânguido)
Os violoncelos enunciam o desejo, esse poderoso sentir que percorre toda a partitura desta ópera, e logo os oboés respondem com a entrega; três vezes se repetem essa pergunta-e-resposta, deixando no ar uma suave dissonância. E vão num crescendo até a explosão do amor sensual. De novo os violoncelos se encarregam de levar adiante o tema apaixonado e lascivo. O tormento do amor proibido, da impossibilidade moral de concretizar a felicidade, os impulsos sensoriais, a tentativa de sublimação. Nunca a paixão humana mais irrefreável foi tão completamente descrita, tão perfeitamente colocada, tão exatamente exposta quanto aqui. É um crescendo de excitação sem paralelo na literatura sinfônica, prova máxima da genialidade de Wagner. Os episódios musicais se sucedem, cada vez mais acima, como se fosse possível ganhar os céus.

Liebestod: Sehr mässig 
(Morte de amor: Muito moderado)
Se existe êxtase em música, ei-la. A peça — é bem verdade — perde um pouco a força sem a participação da soprano, mas o sublime está presente. Pouco se pode acrescentar, com palavras, a esta passagem tão simbólica. É o Amor (com maiúsculas) transcendente, o Amor que só pode encontrar a realização através da Morte, pois a vida mundana é pouco, muito pouco para ele...

© RAFAEL FONSECA

Versão orquestral:

Versão cantada: