Anton BRUCKNER

Joseph Anton Bruckner

Ansfelden, Áustria, 4 de setembro de 1824 — Viena, 11 de outubro de 1896

Catálogo: WAB 1 - 149 (Werkverzeichnis Anton Bruckners, "Catálogo das obras de Anton Bruckner" organizado por gêneros por Renate Grasberger em 1977)

Menino de família modesta, Bruckner ficou órfão de pai aos 13 anos e sua mãe o enviou ao Mosteiro de Sankt Florian (perto de Linz) para lá concluir sua educação. Imerso no ambiente de pomposa religiosidade, Bruckner impregnou-se daquela atmosfera Barroca, da arquitetura carregada de adornos, e do seu magnífico do órgão da Abadia. Após uma temporada como professor em Kronstorf, ele volta a Sankt Florian em 1845 e é nomeado organista daquele que era seu segundo lar. Ali escreveu basicamente música sacra e para o órgão até mudar-se para Linz em 1856.

Estudando profundamente, em 1863, com 41 anos, ele escreve sua primeira Sinfonia, partitura que irá rejeitar e hoje é conhecida como Sinfonia-Estudo. Sua primeira Sinfonia virá em 1865, ano em que ele assiste à estréia de "Tristão e Isolda" em Munique, experiência que irá influenciar sua obre de maneira determinante: Wagner passará a ser seu ídolo maior, quase uma obsessão. A partir de 1868 passa a viver em Viena.

A partir daí, Bruckner cria um universo totalmente novo com suas 9 Sinfonias, que são uma espécie de Sinfonia Clássica da cepa de Haydn — muito mais, eu diria, do que da de Beethoven — inflacionada pelo discurso de Wagner e moldadas pelo ambiente de Sankt Florian e seu imponente órgão. É como se Bruckner imaginasse cada uma daquelas "Catedrais sonoras" (como tão bem as apelidaram) ressoando no órgão que ele passou seus anos de formação e ecoando no espaço cênico da Abadia. Talvez por isso as pausas tão dramáticas em suas Sinfonias soem algo desconcertantes na sala de concertos, mas façam sentido na Igreja, descoberta pela qual já passaram vários regentes que tocaram em Sankt Florian: lá o som reverbera, ecoa e preenche a sala, dando à pausa uma outra dimensão; escrevendo para as grandes orquestras e vivendo na capital do Império, na verdade o menino Anton nunca saiu de lá.

Homem de comportamento humilde e por vezes bronco, não conheceu o sucesso antes dos 60 anos. Mas os músicos da nova geração souberam reconhecer naquele professor bonachão do Conservatório de Viena um gênio; o jovem Gustav Mahler, embora não fosse formalmente seu aluno em nenhuma matéria, seguia-o por toda parte e tornou-se seu discípulo mais querido. Sem Bruckner, Mahler não teria revolucionado a forma da Sinfonia como o fez. 

Assim como o luterano Bach fez exalar fé e contrição de sua obra, o católico Bruckner também é um compositor mais próximo de Deus em seu monumental legado: nenhum outro elevou as Sinfonias a ápices tão sublimes quanto ele.

© RAFAEL FONSECA

Catálogo WAB:
 
WAB 103 - Sinfonia n. 3 "Wagner"
WAB 104 - Sinfonia n. 4 "Romântica"
WAB 106 - Sinfonia n. 6
WAB 107 - Sinfonia n. 7
WAB 108 - Sinfonia n. 8
WAB 109 - Sinfonia n. 9



Obras em ordem cronológica de estréia:

(1873) Sinfonia n. 3 "Wagner"
(1874) Sinfonia n. 4 "Romântica"
(1881) Sinfonia n. 6
(1883) Sinfonia n. 7 
(1890) Sinfonia n. 8
(1896) Sinfonia n. 9