Sonata para piano

O termo surge do italiano "Suonare", fazer soar, para caracterizar as peças que não eram cantadas, as Cantatas. Ainda no século XIII, numa Europa medieval que não conhecia outra manifestação musical que não o canto religioso, apareceram algumas "Sonadas", que eram chamadas as coletâneas de fanfarras e chamados de trompete típicos das caçadas e batalhas.

No século XVII vamos ter o advento definitivo da música instrumental, e as Sonatas eram toda música que fosse feita para instrumentos, assim como as Toccatas eram aquelas obras dedicadas ao virtuosismo (de "quem toca"). As primeiras manifestações dessa música instrumental — que iriam dar origem a Concertos, Sinfonias e Sonatas modernas — eram as Sonata da Chiesa e Sonata da Camara: uma do ambiente religioso, outra do ambiente do palácio. Então uma Sonata poderia ser qualquer arranjo instrumental de alguns poucos instrumentos combinados.

É no Classicismo que as Sonatas se definem claramente, e surgem Trios, Quartetos e Quintetos para diferenciar composições que exigem mais músicos; no mesmo período vai nascer a Sinfonia ("soar junto") para caracterizar as obras com todo o instrumental reunido. Ficam sendo Sonatas, a partir de então, aquelas obras para teclado-solo (pianoforte, depois piano) ou de um instrumento tal acompanhado de piano (Sonatas para violino e piano, para flauta e piano, e assim por diante).

E foi a sua forma culta, a chamada "forma-sonata" que serviu para dar norte a todas as outras composições. Aplicava-se, durante todo o Classicismo e todo o Romantismo — e ainda a algumas obras do século XX — essa tal forma-sonata ao primeiro movimento da peça, um esquema de tratamento da melodia que consiste de introdução, exposição, desenvolvimento, re-exposição e coda.

As Sonatas do período Clássico são quase sempre em 3 movimentos, no esquema vivo-lento-vivo. Beethoven as experimentou com 2 (algumas) e 4 (com estrutura similar à da Sinfonia, incluindo um Scherzo) movimentos. Essa estruturação em 4 movimentos foi a que prevaleceu na maioria das Sonatas do Romantismo.

Se as Sonatas de Mozart ou Haydn tinham uma destinação quase doméstica ou didática, as de Beethoven (são 32), pelo conteúdo emocional contido, tornaram-se um tratado para os compositores do Romantismo e inauguraram a era da Sonata de grande poder dramático para apresentação em público.

© RAFAEL FONSECA