Bernard Haitink

Bernard Johan Herman Haitink

Amsterdam, 4 de março de 1929

Haitink é um dos mais prestigiados regentes de nossas dias, graças ao seu trabalho à frente de importantíssimos conjuntos sinfônicos — a começar pela célebre Concertgebouworkest, principal orquestra de sua Holanda natal — e também por seu extenso legado de gravações.

Após estudar no Conservatório de Amsterdam e de tocar violino em orquestras, ele inscreveu-se num curso de regência do maestro Ferdinand Leitner em 1954 e em 1955 já estava debutando no pódio à frente da Filarmônica da Rádio da Holanda, orquestra que ele dirigiu de 1957 a 1961.

O grande salto de sua carreira veio a partir de 1959 com a morte prematura de Eduard van Beinum, deixando vaga a direção da Orquestra da Concertgebouw. Haitink era o segundo-regente, e dividiu o pódio com o lendário Eugen Jochum por 4 anos, até ser apontado diretor em 1963. Por 25 anos, até 1988, ele foi dirigiu a lendária orquestra, tornando-se  famoso nos palcos e nos discos.

Em paralelo, ele construiu uma sólida carreira na Inglaterra: dirigiu a Filarmônica de Londres de 1967 a 1979; o Festival de óperas de Glyndenbourne de 1978 a 1988 e a principal casa de óperas londrina, o Convent Garden, de 1987 a 2002. Depois disso assumiu o cargo de regente-principal na tradicionalíssima Ópera de Dresden, de 2002 a 2004.

Haitink tem uma estreita ligação com 3 dos principais ícones do repertório: Beethoven, Brahms e Mahler. Seu estilo de regência é bastante discreto, com gestual contido e uma leitura equilibrada e nada afeita a arroubos ou excesso de drama. Dos músicos, não costuma pedir muito, acreditando ser melhor abrir um canal de comunicação que conduza ao meio-termo do que impor uma barreira à qual o instrumentista sinta-se distante. Tal característica o leva a conseguir versões exemplares, como da Quinta Sinfonia de Shostakovich ou da Sexta de Mahler, obras que tantas vezes são levadas aos limites da teatralidade por intérpretes ultra-expressivos (como os geniais Bernstein e Barbirolli, por exemplo), mas que por sua cuidadosa regência nos chegam íntegras e modelares.  

© RAFAEL FONSECA