(1876) DVOŘÁK Concerto para piano

Compositor: Antonín Dvořák
Número de catálogo: Opus 33 / B 63
Data da composição: de agosto a 14 de setembro de 1876
Estréia: 24 de março de 1878 — Praga, Karel Slavkovsky ao piano e regência de Adolf Čech

Efetivo: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)
Duração: cerca de 38 minutos

Dvořák não era, como muitos de seus colegas, um virtuoso do piano. Talvez por isso, compôs uma obra mais sinfônica, no sentido de que a orquestra como um todo impõe-se de maneira enfática, ao passo que o solista, ao invés de lutar bravamente para encimar-se por sobre o conjunto, acompanha-lhe, cortejando, deixando-se levar. Mas essa falta de brilho evidente — o brilho esperado, digamos assim —por parte do solo do piano não pode desmerecer a partitura, que tem seu lado rico e inspirado.

I. Allegro agitato
(Rápido agitado) — cerca de 18 minutos
Do ponto de vista do vigor musical, notamos a inspiração em Beethoven, mas a relação do piano com a orquestra talvez esteja ligada ao Concerto de Schumann, com a diferença de que naquela obra o piano evita deliberadamente os embates e insinua-se propositadamente por entre os sons da orquestra; já aqui temos é a tentativa de construção do discurso musical por meio da dialética entre as forças, mas o piano acaba por colocar-se tão de acordo com a orquestra que o que se tem é um grande arco sinfônico no qual o piano participa ativamente, mas não chega a ser uma força contestadora.

II. Andante sostenuto
(Passo de caminhada, sustentado) — cerca de 9 minutos
Esta página central é de grande beleza lírica, e de uma riqueza da orquestração, enquanto o piano age como sujeito conciliador, ou unificador.

III. Allegro con fuoco
(Rápido com fogo) — cerca de 11 minutos
Um finale dançante, muito ritmado — que de novo nos remete a Beethoven, e também a Brahms — mas que não tem a mesma consistência dos movimentos anteriores, embora guarde certo charme. Dvořák não voltaria a tentar outro concerto para piano, e chegou mesmo a admitir que não soube explorar o virtuosismo do instrumento solista. Ainda que não seja uma obra que apareça com grande freqüência nos programas, nunca deixou de ser apresentada pois sua sinceridade e nobreza dos temas sempre atraiu os grandes pianistas.

© RAFAEL FONSECA