(1895) R. STRAUSS Poema Sinfônico "Till Eulenspiegel"

Till Eulenspiegels lustige Streiche
(As alegres travessuras de Till Eulenspiegel)

Compositor: Richard Strauss
Número de catálogo: Opus 28 / TrV 171
Data da composição: início em 1894; terminada a 6 de maio de 1895
Estréia: 5 de novembro de 1895 em Köln — Gürzenich-orchester, regência de Franz Wüllner

Duração: cerca de 15 minutos
Efetivo: 3 Flautas, 1 Flauta-piccolo, 3 Oboés, 1 Corne-inglês, 2 Clarinetas-piccolo, 2 Clarinetas, 1 Clarineta-baixo, 3 Fagotes, 1 Contra-fagote, 8 Trompas, 6 Trompetes, 3 Trombones, 1 Tuba, Tímpanos, 1 Gongo, 1 Bumbo, 1 Caixa-clara, Pratos, Triângulo, Matraca e Cordas (Primeiros-violinos, Segundos-violinos, Violas, Violoncelos e Contra-baixos)

Rondò (Redondo). A peça é em forma de Rondò, esquema cíclico no qual o tema volta várias vezes, sempre confrontando novo contra-tema.

O folclore medieval fala de um Dyl Ulenspegel — depois universalizado no mundo germânico como Till Eulenspiegel —, personagem mítico que teria vivido no século XIV e de quem se encontra uma lápide na cidade de Mölln (norte alemão), onde ele teria morrido em 1350, vítima da peste-negra. Till seria um andarilho brincalhão e debochado, sempre pronto a ridicularizar as pessoas. Sua figura, em algumas culturas, funde-se ao Bobo da Corte, sendo por vezes retratado com o chapéu com guizos e roupa colorida. Richard Strauss pintou seu divertido retrato, e a primeira coisa que ouvimos, no som dos violinos, é um tema que sintetiza o “era uma vez”, recurso de quem conta a história, logo seguido do tema de Till mostrado pelas trompas. Numa peça que exige virtuosismo solista por parte dos integrantes da orquestra, Strauss vai desenhando as travessuras do personagem, a revolta de suas vítimas, numa música de poder imagético como poucas. No ápice da peça, Till monta a cavalo (ouviremos o seu trote!) e invade uma feira, derrubando mercadorias, zombando das moças, o que a orquestra traduz na melhor algazarra com todos os instrumentos em ação. Till é capturado, e um tom sinistro toma conta da música (ainda que seus deboches continuem, traduzidos em esganiçados momentos da clarineta). Julgado, vai à forca e seus últimos suspiros se ouvem nos sopros. Após um silêncio eloquente, os violinos retornam com o “era uma vez” do início, o tema de Till retorna, dando a entender que ele sobreviverá, sempre, em sua lenda.

© RAFAEL FONSECA