(1919) ELGAR Concerto para violoncelo

Compositor: Edward Elgar
Número de catálogo: Op. 85
Data da composição: entre 1918 e 1919
Estréia: 27 de outubro de 1919 — Londres, Felix Salmond, London Symphony regida pelo autor

Duração: cerca de 30 minutos
Efetivo: violoncelo solista; 2 flautas (1 alternando com flauta-piccolo), 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano, as cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

Em 1918 Elgar faz uma cirurgia — grave para um homem em seus 61 anos, naquela época — para a retirada de uma amídala infeccionada. Ao acordar da anestesia, pede lápis e papel; anota um tema, que ele havia ouvido durante a sedação. Nascia assim o Concerto para violoncelo. Outros elementos entrarão em cena, como os ecos da Primeira Guerra, sons dos bombardeios na França, que Elgar ouvia de sua casa de campo em Fittleworth, Sussex, quase à beira do Canal da Mancha.

São 4 movimentos a serem tocados sem interrupção:

I. Adagio — Moderato (Com calma — Moderadamente)
II. Lento — Allegro molto (Lento — Bem rápido)
III. Adagio (Com calma)
IV. Allegro — Moderato — Adagio (Rápido — Moderadamente — Com calma)

O violoncelo abre, sozinho, a obra, com um recitativo doloroso. Logo a orquestra entra no jogo com um tema arrastado, como que sem coragem para seguir adiante. É com esses dois temas que violoncelo e orquestra irão lidar, durante todo o primeiro movimento, como que tentando vencer os horrores da guerra — que Elgar viu e ouviu — e a realidade da morte (no tema que lhe foi "soprado" no período inconsciente pós-cirúrgico). O segundo movimento é reflexivo, de temática um pouco mais leve, em relação ao primeiro. O terceiro movimento é curto mas de beleza lírica e evocativa. O quarto movimento torna-se mais agitado, adquire ares brincalhões, e no auge do bom-humor vai voltando à reflexão para, de repente, retornar à frase inicial do violoncelo, e terminar abruptamente, como quem se retira de cena sem preparar a saída (mas não é assim, na vida?).

© RAFAEL FONSECA