(1831 / 1837 / 1839 / 1842) CHOPIN Scherzos ns. 1 / 2 / 3 / 4

Compositor: Fryderyk Chopin
Efetivo: piano

Não há como dissociar esta composição da figura de Ludwig van Beethoven, que sabemos, só fora influenciar Chopin tardiamente, após seu definitivo estabelecimento em Paris. Até aqui os Scherzos eram movimentos que Haydn havia utilizado em Quartetos de cordas e Sonatas para piano — aliás, o próprio Chopin escreveria ainda 2 Scherzos para as suas Sonatas ns. 2 e 3 — e que Beethoven, dando ao Scherzo outro escopo, fez uso dele como movimento de suas Sinfonias, em alternativa aos frívolos Minuetos (tradicionalmente, os terceiro movimentos das Sinfonias clássicas).

É talvez nesse Scherzo sinfônico de Beethoven que Chopin pensava ao escrever uma peça independente, um Scherzo por si, autônomo e dramaticamente resolvido em seu único movimento. E por isso mesmo seus Scherzos alcançam um patamar diferente dos que são partes de outras peças — de Sinfonias, como vários Românticos o utilizaram, ou de Sonatas, como ele mesmo ainda faria uso, oferecendo ao ouvinte um pequeno poema musical de enorme poder expressivo e as nuances são muitas, inclusive no Trio — seção central de todo Scherzo, Marcha ou Minueto, assim chamado por ter sido, na origem (século XVII), sempre escrito para 3 instrumentos — que nos remete a uma atmosfera totalmente diversa e nova. 

Scherzo n. 1
Número de catálogo: Opus 20 / CT 197
Data da composição: primeiros rascunhos em 1835; conclusão em 1837
Duração: cerca de 10 minutos

A peça é contemporânea do Levante de Novembro polonês contra o Império Russo (também conhecida como Revolta dos Cadetes), e Chopin estava recém-chegado a Viena, em sua tentativa (frustrada) de fazer carreira na cidade. Sabendo que seria preso se tentasse voltar à terra natal, por conta da participação de seus amigos na revolta, ele vê-se exilado da família. É nesse ponto que sua obra encontra um tom mais escuro, reflexivo, melancólico, e Schumann haveria de notar que faltava à peça a alegria mais direta que caracterizava o gênero, o que não impediu sua posteridade, graças à qualidade do gênio.

Scherzo n. 2
Número de catálogo: Opus 31 / CT 198
Data da composição: primeiros rascunhos em 1835; conclusão em 1837
Duração: cerca de 10 minutos

A indicação geral de tempo é Presto (Correndo). A peça foi escrita num momento-chave da vida criativa de Chopin, quando em 1836 ele revigora seu estilo (a fase chamada pelos estudiosos de Chopin como segunda explosão Romântica, sendo a primeira a sua chegada a Paris em 1829) e retoma o potencial brilhante de suas peças, porém dando adeus ao virtuosismo fácil e centrando seu foco no caráter mais intimista de cada obra; este Scherzo e os Noturnos do Opus 27 são os melhores exemplos desse momento criativo.

Scherzo n. 3
Número de catálogo: Opus 39 / CT 199
Data da composição: 1839
Duração: cerca de 7 minutos

Este remete a Liszt, pela dificuldade técnica mas também pelo caráter do tema. É o mais denso dos Scherzos, talvez pelas circunstâncias de sua composição, realizada em Valdemossa (Ilha de Majorca), período difícil para o compositor e sua companheira George Sand, numa temporada cuja viagem foi dificílima e mostrou-se um total desastre.

Scherzo n. 4
Número de catálogo: Opus 54 / CT 200
Data da composição: 1842
Duração: cerca de 10 minutos

É o mais leve e sonhador dos 4, trazendo uma atmosfera de contos-de-fadas.

© RAFAEL FONSECA

Scherzo n. 1:


Scherzo n. 2:

Scherzo n. 3:


Scherzo n. 4: