(1798) BEETHOVEN Sonatas para violino ns. 1, 2 e 3

Compositor: Ludwig van Beethoven
Número de catálogo: Opus 12
Data da composição: (talvez desde 1795) 1797 e 1798
Estréia: ?

Duração: cerca de 20 minutos, cada Sonata
Efetivo: violino e piano

Publicadas no Opus 12 do compositor, essas 3 Sonatas devem muito a Mozart, como aliás toda a produção pré-1800 de Beethoven. Ele as dedicou a Antonio Salieri, seu professor de canto italiano. É, além de Haydn, a única outra dedicatória a um professor e certamente o fato de Salieri ter uma importância social e política enorme na Viena daquele tempo — era o Mestre-capela (ou Maestro) Imperial — contou muito mais que a gratidão a um ensino que nunca o levaria a lugar nenhum, já que a ópera, e sobretudo a italiana, não encaixava-se no espírito do futuro autor daquelas monumentais 9 Sinfonias.

As 3 obras guardam uma tensão constante, certamente fruto do choque entre o temperamento arrebatado do jovem compositor e a elegância refinada de seus modelos, Haydn e Mozart. Os ouvidos da época estranharam a ênfase do discurso e as modulações abruptas que já deixam entrever o Beethoven que estava por vir.

Sonata n. 1: 
I. Allegro con brio (Rápido e com brio) — cerca de 9 minutos
II. Tema con variazioni: Andante con moto (Tema com variações: Passo de caminhada com movimento) — cerca de 8 minutos
III. Rondò: Allegro (Em ciclo: Rápido) — cerca de 5 minutos
A Primeira das 3 Sonatas é discretamente ousada, e podemos ver que Beethoven podia reproduzir o estilo da época, no entanto sem conseguir alcançar o humor refinado de um Haydn. Isso porque ele ainda buscava seu próprio sotaque, e as firulas da vida de corte — tão simpáticas e cultivadas na personalidade de Haydn — não eram para ele, um espírito contestador por natureza. Pianista antes de tudo, podemos dizer que Beethoven favoreceu o instrumento dando-lhe mais protagonismo no segundo movimento.

Sonata n. 2: 
I. Allegro vivace (Rápido e vivo) — cerca de 7 minutos
II. Andante, più tosto allegretto (Passo de caminhada, e logo moderadamente rápido) — cerca de 5 minutos
III. Allegro piacevole (Rápido e agradável) — cerca de 5 minutos
A Segunda das 3 Sonatas é um pouco mais expressiva e inventiva que a anterior, como se ele houvesse se beneficiado da escrita da anterior para desvendar alguns segredos a respeito da técnica de se combinar violino e teclado. O diálogo entre os instrumentos no primeiro movimento é fresco e cheio de graça. O segundo movimento é, em contraste, bastante denso, com uma melodia muito tocante e um pouco angustiada. O finale é magistralmente construído, com o piano exercendo papel duplo: com a mão esquerda, o pianista "joga" junto com o violinista; com a direita, o responde.

Sonata n. 3: 
I. Allegro con spirito (Rápido espirituoso) — cerca de 8 minutos
II. Adagio con molt' espressione (Calmamente com muita expressividade) — cerca de 6 minutos
III. Rondò: Allegro molto (Em ciclo: Muito rápido) — cerca de 4 minutos
É a mais ambiciosa das 3, e o primeiro movimento mostra Beethoven no domínio total da linguagem, se igualando a Mozart no desabrochar encantador da melodia, na inventividade da construção do desenrolar da música, e no virtuosismo exigido. É, sem dúvida, um grande passo à frente. No segundo movimento ele pede "expressividade", o que é um diferencial em relação aos compositores de então, mais sucintos ao determinar o andamento; e como na Primeira Sonata, ele dá ao piano destaque e proeminência, deixando ao violino a tarefa de enfeitar as frases. O finale é brilhante, uma dança empolgante, que um crítico (chato) da época viu efusividade em excesso e comparou a um parque onde se vende cerveja. Brindemos, ora pois, à sombra eterna que paira sobre os escritos desse crítico!

© RAFAEL FONSECA

Sonata n. 1


Sonata n. 2


Sonata n. 3

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