Sergei RACHMANINOV

Sergéj Vasíl'evich Rahmáninov (transliteração de Серге́й Васи́льевич Рахма́нинов)
Sergei Rachmaninoff (grafia adotada pelo próprio compositor no Ocidente)

Semyonov, Rússia, 1 de abril de 1873 — Beverly Hills, Los Angeles, 28 de março de 1943

Catálogo: Opus 1 - 45 (e um número considerável de pequenas obras sem catalogação)

Rachmaninov estudou no Conservatório de São Petersburgo e teve seu talento incentivado por Tchaikowsky — embora nunca tenham sido, formalmente, mestre e aluno — e essa influência perduraria para sempre em sua obra. Quando o século XX desmantelou o Romantismo em inúmeras correntes estéticas e estilísticas, Rachmaninov permaneceu fiel ao legado que representava: a música russa em sua grande expressividade e melodia. Não que seus colegas como Stravinsky ou Prokofiev não produzissem dentro desse contexto, mas ele soa muito mais genuíno como continuador da arte de Tchaikowsky que qualquer um de seus conterrâneos de seu tempo.

O início de sua carreira é marcado por um episódio sombrio. Sua Primeira Sinfonia, de 1896, foi acolhida da pior forma em São Petersburgo, tendo o compositor César Cui desempenhado um venenoso papel em prol da ruína da obra. Logo ele, de talento inferior, integrante do Grupo dos Cinco que não deixou uma única obra sequer que figure hoje no repertório. Isso, somado à proibição pela Igreja Ortodoxa de Rachmaninov se casasse com sua prima Natalia, colocou o jovem compositor numa depressão profunda (ele só falava com Levko, seu cachorro) e uma crise criativa que o silenciou por cerca de 3 anos. 

Foi um tratamento de hipnose que o tirou da prostração, e logo ele alcançaria imenso sucesso em 1901 com seu Concerto para piano n. 2 — obra que lhe renderia a pecha posterior de "compositor hollywoodiano", por conta da imensa força de suas melodias, uma delas imortalizada por Frank Sinatra na canção popular "Full Moon and Empty Arms" (de 1945). Em 1902 o imbróglio com a Igreja se resolveu e ele se casou com sua prima Natalia e serão companheiros por toda a vida.

Em 1909 ele faz turnê como solista pelos Estados Unidos — ele foi um dos maiores pianistas de todos os tempos —, ocasião na qual ele estreará em Nova York seu Concerto para piano n. 3, obra na qual já se nota uma evolução de estilo, onde a engenhosidade da composição tem lugar de destaque, e as melodias não são mais tão óbvias. Na Revolução Russa de 1917 ele decide sair do país e, depois de um período na Escandinávia, vai estabelecer-se na nos Estados Unidos, onde seu nome era muito popular. Mas seu apetite pela vida declina com a impossibilidade de voltar à terra natal, onde sua música havia sido banida. Poucas composições irão surgir: das 45 obras publicadas em vida, 39 foram escritas na Rússia até 1917, e apenas 6 surgiram no exílio.

Mais e mais ele se torna conhecido, e as gravações — em seus primórdios na América — foram o veículo a difundir seu nome. Abatido por uma melancolia que era visível ao público que frequentava suas apresentações, seu estilo de composição mudou, tornando-se mais denso e introspectivo. Porém a crítica americana esperava dele as obras de melodia fácil, passíveis de banalização pela indústria de Hollywood em filmes açucarados, e pouco entendeu de suas obras finais, como a Terceira Sinfonia, escrita em 1936. A exceção fica por conta da famosa Rapsódia sobre um Tema de Paganini, obra que agrada a um grande público — talvez pela passagem ultra melodiosa da 18ª Variação, outro caso de consagração do compositor via cinema — mas que na verdade faz pouca concessão ao "fácil", sendo uma peça complexa e genial. 

Em 1942 teve diagnosticado um melanoma, que o levaria dias antes de seus 70 anos. Insistindo ouvir uma música à distância, foi convencido pelos amigos que não havia nada sendo tocado em lugar algum. Concluiu que "então, a música está em minha cabeça".


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