(1779) MOZART Serenata n. 9 "Trompa de Postilhão"

Posthorn-Serenade

Compositor: Wolfgang Amadeus Mozart
Número de catálogo: K 320
Data da composição: 1779; terminada a 3 de agosto de 1779
Estréia: Salzburg, 1779

Duração aproximada: cerca de 40 minutos
Efetivo: 2 flautas, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trumpetes, 1 trompa de postilhão, tímpano, 1 violino-solista e as cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

Na década de 1770, Mozart dedicou sua atenção ao gênero das Serenatas, que estavam em alta na Corte do Arcebispado de Salzburg, com ambiciosas dimensões tanto em termos da instrumentação como do número de movimentos e duração total. Havia, ainda, uma vantagem: como por tradição a Serenata incluía trechos concertantes, dela Mozart podia depois extrair as partes com solista para um Concerto e as demais para montá-las como uma Sinfonia; ficava, assim, com cartas na manga para futuras encomendas. Esta, que conta com a chamada trompa de postilhão — ou a corneta que anunciava o carteiro, traduzindo para uma linguagem mais compreensível hoje — em um dos movimentos, acabou sendo conhecida por este solo, tão incomum na música instrumental erudita.

I. Adagio maestoso — Allegro con spirito 
(Com calma, majestosamente — Rápido e com espírito) — cerca de 8 minutos
Uma introdução imponente, forte, abre a Serenata, para logo ser substituída por um ritmo rápido, com modulações agitadas e de grande poder melódico. Todo o movimento tem um sabor de marcha, e muito se assemelha aos futuros primeiros-movimentos das Sinfonias que Mozart iria criar em sua maturidade artística, de música muito espontânea e ao mesmo tempo bem estruturada.

II. Menuetto: Allegretto
(Minueto, passo miúdo: Quase rápido) — cerca de 5 minutos
O primeiro Minueto da Serenata mantém o sabor de marcha que permeou o movimento anterior, com grande pompa. A parte central deste movimento é mais lírica, com belíssimos solos de flauta e fagote apoiados numa agradável colcha sonora proporcionada pelas cordas. Retorna a empertigada marcha que iniciou o movimento, para encerrá-la.

III. Concertante: Andante grazioso 
(Em concerto: Passo de caminhada, graciosamente) — cerca de 8 minutos
Uma passagem "concertante", ou seja, colocando em concerto — em diálogo — os instrumentos ou os conjuntos entre eles. Teremos belos solos das flautas e dos oboés, enquanto violinos murmuram ao fundo. Aqui Mozart experimenta um efeito que nos dá a idéia de flutuação: enquanto as cordas sustentam a música e fornecem a estrutura, os sopros "bóiam" por cima, como que flutuando.
   
IV. Rondò: Allegro ma non troppo 
(Em ciclos: Rápido mas nem tanto) — cerca de 6 minutos
Novamente oboé e flauta serão as estrelas nesse movimento. Em esquema cíclico (sempre retornando ao mesmo tema principal, mas passando por um novo contra-tema a cada repetição), eles dialogam de maneira encantadora. É uma das passagens mais deliciosas da obra.

V. Andantino
(Sem arrastar) — cerca de 5 minutos
Este trecho se inicia algo sombrio, com certa tensão, expediente um pouco insólito em se tratando de uma Serenata. Na parte central do movimento a música tende a se iluminar um pouco (muito por conta das intervenções dos oboés) mas seu caráter geral é de seriedade dolorida.

VI. Menuetto 
(Minueto, passo miúdo) — cerca de 5 minutos
Pomposo como o Minueto anterior, porém mais solto e leve, com um solo gracejante de flauta que surge na segunda frase deste movimento e na terceira frase é onde finalmente aparece o solo do instrumento que hoje dá nome à obra, a trompa de postilhão, com um som que parece intermediário entre a trompa e o trompete. E logo retorna o clima imperioso inicial, para concluir o movimento.

VII. Finale: Presto 
(Final: Bem rápido) — cerca de 4 minutos
Interessantíssimo, super engenhoso e vertiginoso é este finale, cheio de alegria e fúria. Mozart entrelaça várias frases musicais simultaneamente, chegando à conclusão da Serenata com imensa criatividade e deixando o ouvindo quase sem fôlego!

© RAFAEL FONSECA

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