(1828) SCHUBERT Sonata n. 21

Compositor: Franz Schubert
Número de catálogo: D 960
Data da composição: de maio a 23 de setembro de 1828
Estréia: 27 de setembro de 1828, em Viena, Schubert tocando para um grupo de amigos

Duração: de 36 a 46 minutos
Efetivo: piano

Viena, 29 de março de 1827: Beethoven está morto há três dias, e seu funeral toma conta das ruas, com mais de 20.000 pessoas acompanhando o féretro. Um jovem compositor em ascensão consegue segurar uma das tochas ao lado do ataúde que leva o corpo sem vida do grande gênio; seu nome: Franz Schubert. Um ano depois, com 31 anos de idade, ele começa a experimentar o gosto do sucesso com suas obras, mas a sífilis, implacável, lhe tira a vida em novembro. Cerca de dois meses antes, numa reunião para poucos amigos, ele toca a última de suas Sonatas, esta de número 21. A obra, grande, longa, densa, respira o que um jovem daquela idade não deveria coadunar: o prenúncio da morte.

I. Molto moderato (Bem moderadamente) — cerca de 20 minutos
A introdução é doce, como aliás a música de Schubert sempre o é, mas certos tremolos nas notas baixas, logo no início, instalam um clima de apreensão e angústia. Cada idéia musical emerge à luz por instantes, para em seguida sucumbir a um estado de beleza triste. Há muito de Beethoven, porém este era vencedor e ousado em suas obras, ao passo que aqui Schubert é suavemente resignado.  

II. Andante sostenuto (A passo de caminhada, sustentado no ritmo) — cerca de 9 minutos
De caráter noturno, a frase lenta é uma das mais belas páginas de Schubert. A beleza dilacerante nos leva num fluxo com momentos de grande profundidade e desolação. Na parte central do movimento temos uma melodia à maneira de um hino, de comovente luminosidade. E logo a música volta ao sombrio sentimento do início do movimento. 

III. Scherzo: Allegro vivace con delicatezza
(Como um divertimento: Rápido, vivaz e com delicadeza) — cerca de 4 minutos
Essa passagem rápida, de agilidade graciosa, serve de introdução para o finale que está por vir. Sua leveza faz clarear o céu pesado dos movimentos anteriores, trazendo um sol de fim de tarde de primavera. Na parte central — o Trio — a música volta a flertar com incertezas, mas logo estaremos de volta ao borbulhante tema inicial.

IV. Allegro ma non troppo – Presto (Rápido sem exagero — Apressado) — cerca de 9 minutos
Apesar da consciência da fragilidade de sua saúde, e provavelmente de seu fim próximo, Schubert neste finale renuncia ao espírito temeroso presente nos dois primeiros movimentos e nos traz a um cenário cheio de esperança, dubiamente jubiloso e conformado. Ele segue em frente como o herói que sabe que ao fim da missão o pior lhe espera, mas que tem a dignidade de não olhar para trás, nem jamais retroceder.

© RAFAEL FONSECA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, ao postar seu comentário, não deixe de incliur seu endereço eletrônico, para que possamos manter contato! (R. F.)