(1919) MILHAUD O Boi no telhado

Le Bœuf sur le toit

Compositor: Darius Milhaud
Número de catálogo: Opus 58
Data da composição: 1919
Estréia: 21 de fevereiro de 1920, no Théâtre des Champs-Élysées em Paris, regência de Wladimir Golschmann

Duração: cerca de 18 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 2 flautas, 1 oboé, 2 clarinetas, 1 fagote, 2 trompetes, 2 trompas, 1 trombone, reco-reco, pandeiro, bumbo, pratos, as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

Impedido de prestar o serviço militar por conta de sua frágil saúde, Milhaud se livra dos horrores da I Guerra. Convidado pelo amigo Paul Claudel, poeta que foi Embaixador francês no Rio de Janeiro, ele cruza o Atlântico em janeiro de 1917 em 18 dias, aportando na cidade que, na época, merecia o epíteto de "Maravilhosa" em pleno Carnaval, para servir como Adido. O impacto lhe foi profundo, e Milhaud estaria irremediavelmente apaixonado pela música brasileira a partir de então.

A sugestão para criar "O Boi no telhado" partiu de Jean Cocteau, que imaginou a ação de um balé passada num bar dos Estados Unidos durante a época da Lei Seca. Em atmosfera surrealista aparecem arquétipos como um negro, um vaqueiro, uma mulher emancipada... e esta dança com a cabeça de um policial decapitado por um ventilador (paródia da Salomé de Richard Strauss). 

Milhaud, fascinado pela brasilidade, apropriou-se do Tango brasileiro "O Boi no telhado" de José Monteiro — à época conhecido como o Zé Boiadeiro — e mais 23 outras peças brasileiras, dentre elas uma de Chiquinha Gonzaga, uma de Alexandre Levy, uma de Alberyo Nepomuceno, uma de João Pernambuco (o Catulo da Paixão Cearence),  sete de Marcelo Tupinambá, e quatro do famoso Ernesto Nazareth. Há ainda um fado português! Como Milhaud nunca explicitou os autores das melodias originais, somente 80 anos depois de estreada a obra em Paris é que os musicólogos Aloysio de Alencar Pinto e Manuel Aranha Corrêa do Lago listaram-nas com os devidos créditos. A intenção de Milhaud de ver essa obra como trilha-sonora de um filme de Charlie Chaplin nunca se concretizou.

© RAFAEL FONSECA

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