(1821) BEETHOVEN Sonata n. 31

Compositor: Ludwig van Beethoven
Número de catálogo: Op. 110
Data da composição: 1820 até 25 de dezembro de 1821
Estréia: [não se sabe]

Duração: cerca de 20 minutos
Efetivo: piano

Beethoven trabalhava para atender à encomenda do editor berlinense Schlesinger, com o qual negociara 3 Sonatas para piano (acabariam por ser suas derradeiras, dentre as quais esta é a penúltima) e mais 25 canções. Elas são o ápice de um testamento à humanidade, seu legado de 32 Sonatas.

I. Moderato cantabile molto espressivo
(Moderado cantável muito expressivo) — cerca de 7 minutos
A Sonata se inicia com tranquilidade, reflexiva, e o passeio dos dedos pelo teclado nos remete às facilidades técnicas que o piano ganhava como instrumento nessa época. Um tema no estilo de coral cresce aos poucos, a atmosfera ganga corpo mas nunca há um fortíssimo abrupto, tudo vem e vai muito naturalmente. O sentimento geral é de delicadeza e gentileza. A serenidade que aflora dessa partitura pode ser vista como a resignação diante da morte, pois foi justamente durante a composição desse movimento que Beethoven viu-se acometido das primeiras dores fortíssimas da enfermidade que o levaria do mundo 6 anos mais tarde.

II. Allegro molto
(Bem rápido) — de 2 a quase 3 minutos
Um segundo movimento agitado, rápido, que contrasta com a paz do anterior. É, como na estrutura da Nona Sinfonia, um Scherzo. Se há algo de alegre e displicente, frequentemente há um sentimento de apreensão salpicado no ar.

III. Adagio ma non troppo — IV. Fuga
(Sem pressa mas sem arrastar — Fuga) — cerca de 4 minutos o Adagio e 7 minutos a Fuga
Subdividido em duas partes, o movimento final faz encadear um dolorido e sentimental Adagio à uma poderosa Fuga. A sombria motivação da primeira parte — quanta dor e sofrimento presentes! — desemboca numa furiosa passagem, magistral como só em Bach uma Fuga poderia ser. Uma lembrança desolada do Adagio ainda se faz ouvir após a entrada da Fuga, numa reminiscência desolada, mas logo a construção complexa desse sistema composicional — a Fuga vem da idéia de uma melodia perseguir-se à si mesma em descompasso — tão fascinante toma o lugar novamente, antecedida de dez acordes repetidos em crescendo. O que se ouve a seguir, para a conclusão da peça, é uma escalada desenfreada rumo a um cume quase inatingível, mas que quando alcançado dá ao ouvinte a sensação de êxtase que poucas Sonatas podem proporcionar.

© RAFAEL FONSECA

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