(2008) SAARIAHO Lanterna mágica

Laterna Magica

Compositor: Kaija Saariaho
Data da composição: 2008
Estréia: 28 de agosto de 2009 — na Philharmonie de Berlim, com a Filarmônica regida por Simon Rattle

Duração: cerca de 20 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 1 flauta-contralto, 3 flautas, 3 oboés, 3 clarinetas, 2 fagotes, 1 contra-fagote, 6 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

A peça foi encomenda da Filarmônica de Berlim, que a estreou, e do Festival de Lucerna, que deu a segunda apresentação mundial. Com a palavra, a próprio autora, compositora nascida na Finlândia em 1952:

— "Minha Lanterna Magica alude à autobiografia de mesmo título do cineasta Ingmar Bergman. O livro me chamou a atenção depois de muitos anos enquanto eu estava arrumando minhas estantes no Outono de 2007.

Com o tempo, depois que li o livro, a variação de motivos musicais em diferentes tempos emergiu como uma das idéias básicas por trás da peça orquestral em que eu estava começando a trabalhar. Simbolizando também o que foi a primeira Lanterna Mágica, máquina para criar a ilusão de uma imagem em movimento: quando a alça gira, cada vez mais rápido, as imagens individuais desaparecem e em vez disso o olho vê uma imagem em movimento contínuo.

Musicalmente falando, os diferentes andamentos sublinham diferentes parâmetros: a continuidade rítmica é acentuada em tempos relativamente rápidos, enquanto tons delicados exigem mais tempo e espaço para o ouvido conseguir interpretá-los e apreciá-los.

Enquanto eu estava trabalhando com tempos, ritmos e diferentes personagens, se tornou uma parte importante da identidade da peça a dança de ritmo impetuoso inspirado pelo flamenco, um deslocamento assimétrico fornecido pelo discurso e um ostinato em aceleração que, finalmente, perde seu caráter rítmico e se torna uma textura. Em contraste com isso, surgiu uma música sem ritmo ou pulso claro. Este material é dominado por vôos coloridos e texturas arejadas, tais como a cor unindo as pontas, na divisão das frases da orquestra. Esta é uma utilização das cores como no filme de Bergman, Gritos e sussurros, em que as cenas vão muitas vezes mudando através de seqüências de cor vermelha.

Ao ler a autobiografia, eu também fui tocado pela maneira com que Bergman descreveu as diferentes luzes que seu fotógrafo favorito, Sven Nykvist, foi capaz de capturar com sua câmera. Parte do texto diz o seguinte: — Delicado, perigoso, de sonho, animado, morto, claro, obscuro, quente, forte, nu, súbito, escuro, primaveril, penetrante, pressionado, direto, oblíquo, sensual, avassalador, restringido, venenoso, pacificante, luz brilhante... Claro!".

© RAFAEL FONSECA

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