(1849) LISZT Concerto para piano n. 1

Compositor: Franz Liszt
Número nos catálogos: LW H-4 / S 124 / R 455 / C 52
Data da composição: temas principais definidos em 1830; forma final em 1849; revisado em 1856
Estréia: 17 de fevereiro de 1855 — Weimar, Liszt ao piano e Hector Berlioz regendo a orquestra

Duração: cerca de 20 minutos
Efetivo: piano solo; 1 flauta-piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, triângulo, pratos, e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

O Primeiro Concerto de Liszt é descendente direto do chamado "Concerto Imperador" de Beethoven no que diz respeito à maneira como o piano-solista se relaciona com a orquestra, com bravura. Aparenta-se com Paganini pelo brilho de super-virtuosismo da parte solo. Mas Liszt propõe, com esta obra, uma maneira totalmente inovadora de Concerto. Ele afasta-se totalmente da forma clássica mozartiana (dos três movimentos) e cria uma espécie de Poema Sinfônico — sua especialidade — ininterrupto tendo o piano como líder a conduzir a narrativa. Afora os efeitos alcançados, moderníssimos para a época, tanto na parte do piano quanto na orquestra. Se pensamos que, mais tardiamente no século XIX, um Brahms e um Tchaikovsky continuaram adotando o esquema clássico vivo-lento-vivo, Liszt fora de tal forma original que seus dois Concertos permanecem como caso único na literatura pianística do Romantismo.

À semelhança de uma Sinfonia, temos 4 movimentos, porém encadeados sem interrupção, como uma grande Fantasia ou Rapsódia, ou ainda — como já dito acima — um Poema Sinfônico. As marcações de andamento são:

I. Allegro maestoso — II. Quasi adagio — III. Allegretto vivace — IV. Allegro marziale animato
(Rápido e majestoso — Quase calmamente — Sem arrastar e vivo — Rápido, marcial e animado)

Já se sente que a "pegada" de Liszt é outra na introdução: ao invés da introdução orquestral tão comum em concertos tradicionais, a fanfarra chama e o piano responde altivo. Os temas — cíclicos, aparecendo ao longo da obra, sem o tradicional esquema de um tema por movimento — são trabalhados com imenso virtuosismo, já que sabemos ter sido ele o pianista mais impressionante do século XIX. A orquestração que envolve — o termo seria este mesmo, envolver; em Concertos tradicionais o piano conversa com a orquestra, neste é envolvido por ela — o solista é luxuriante, originalíssima, caudalosa, cheia de efeitos inusitados (para a época, claro) e grande poder sugestivo.

E na parte do solista, além do encanto das melodias melífluas, e da enorme dificuldade técnica, deixa o espetador absurdado, pois a dificuldade em Liszt é promocional, visualmente impactante — diferente de um Rachamoninov onde o pianista tem de se concentrar em filigranas extenuantes, Liszt tira partido, tendo sido ele o show-man que foi, das dificuldades que podem ser visualmente reconhecidas à distância pela plateia: sequências de acordes que exigem gestos malabarísticos, trinados no agudo nos quais o pianista precisa atacar com ferocidade as notas, escalas em alta velocidade que fazem as mãos voarem pela extensão do teclado. Um pouco circense por um lado, mas com um resultado musical tão impactante e tão poderoso! É o Romantismo em sua plena potencialidade!

© RAFAEL FONSECA


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