Gustav MAHLER

Gustav Mahler
    
Kaliště, 7 de julho de 1860 — Viena, 18 de maio de 1911
     
Catálogo MW 1 - 14 ("Mahler-Werke", organizado pela Sociedade Internacional Mahler de Viena em 1960)

Gustav Mahler representa para o Romantismo a ponta oposta a Beethoven: um começa e o outro encerra o movimento musical do século XIX. Sendo que algumas das obras já são francamente pós-Românticas (como as Sexta e Nona Sinfonias) e outras poderiam se inserir no nicho (que, de verdade, não existe) da Música "Art-Noveau" (como a Primeira Sinfonia ou a "Canção da Terra"), em paralelo ao movimento artístico que dominou as artes escultórias, arquitetônicas e decorativas da Belle Époque. Além disso, Mahler é contemporâneo da descoberta do inconsciente por Freud, e sua obra é um desvendar da alma humana, através de sua própria — quase peço o trocadilho com Alma, sua esposa, que teve papel preponderante nesse legado artístico. 

Em vida, foi mais admirado por seu desempenho como regente que como compositor; incompreendida por sua geração e depois banida pelo nazismo, sua obra só viria a interessar um maior público depois de seu centenário, em 1960, muito graças ao empenho do maestro Leonard Bernstein. Mas seu legado como regente é permanente e muitas das práticas corriqueiras na sala de concertos hoje é da concepção de Mahler: apagar-se a luz da platéia e manter aceso apenas o palco, fechar-se as portas da sala e permitir que os atrasados entrem depois de tocado o primeiro número, aplausos somente ao final da obra, tudo isso é fruto da figura autocrática que ele desempenhou, em seu tempo à frente da Filarmônica de Viena. E um dado imprescindível, à época não muito respeitado: a orquestra subiria ao palco perfeitamente ensaiada; nem que para isso fosse necessário levar músicos à exaustão (e ele levava). Testemunhos da época dão conta da qualidade sem precedentes de suas apresentações, deixando homens exigentes como Brahms ou Tchaikowsky boquiabertos.

Hoje sua música se impôs, e devido às dificuldades técnicas e o manancial de emoções subjetivas que cada obra propõe, fascinando os regentes, Mahler é o Sinfonista mais gravado da história, mais até que o próprio Beethoven.
   
© RAFAEL FONSECA