La Fenice

Gran Teatro La Fenice di Venezia

1.000 lugares

Inauguração: 16 de maio de 1792; 
Inauguração: re-inaugurado em 26 de dezembro de 1837; e em 14 de dezembro de 2003
Local: Campo San Fantin 1965, Venezia, Itália
Projeto: Giannantonio Selva

A história do Le Fenice, "A Fênix", começa em 1774 quando um incêndio destruiu o Teatro San Benedetto, então o melhor e mais luxuoso teatro de ópera da cidade. Planos para construir um teatro que seria o maior da cidade se iniciam, e a alusão ao pássaro que ressurge das cinzas pareceu um bom nome; o que os venezianos não esperavam é que o teatro teria de ressurgir das cinzas mais duas outras vezes...

O primeiro "La Fenice" abriu suas portas ao público no dia 16 de maio de 1792 com a apresentação de uma ópera de Paisiello: "I giuochi d'Agrigento". Na primeira década do século XIX, Napoleão põe fim à República de Veneza, incorporando-a ao Reino da Itália, e o teatro passa por uma reforma que vai mexer em sua decoração, mas sobretudo na instalação de um novo Camarote Imperial. A importância desta Casa de Óperas se mede pelas estréias de obras de Donizetti, Bellini, Mercadante, entre tantos outros, com destaque para 3 das óperas de Rossini a terem ali sua primeiríssima récita, incluindo "Semiramide" em 1823.

Mas o fogo, que marca a história deste teatro desde o nome, iria devorá-lo em 13 de dezembro de 1836. Os trabalhos de recuperação foram rápidos e o Teatro retoma suas atividades, re-inaugurado um ano depois, a 26 de dezembro de 1837. Na Revolução de 1848, a decisão de voltar à forma original, sem o Camarote Imperial, mostraria-se refém da história: logo em 1849 a cidade passa para o controle austríaco e 6 camarotes comuns voltam a dar lugar ao Camarote Imperial, novamente instalado. Inúmeras obras de autores importantes continuam a ter o "La Fenice" como palco de estréia, e Verdi faz nascer ali 5 de suas óperas, "Ernani" em 1843, "Attila" em 1846, "Rigoletto" em 1851, "La Traviata" em 1853 e "Simon Boccanegra" em 1857.

A águia austríaca, símbolo Habsburg que encimava o camarote real dá lugar ao Brasão Real da Itália após a Unificação. Ambos os símbolos monárquicos viram as estréias de Verdi, e outras tantas de Leoncavallo, Mascagni, até a proclamação da República Italiana em 1946, quando o Leão de Veneza tomou o lugar acima do Camarote principal e foi testemunha de estréias de Stravinsky, Britten, Maderna e Prokofiev, dentre muitos outros. 

Um novo incêndio vai devorar o teatro a 29 de janeiro de 1996. O diretor do teatro nesse momento era o brasileiro Issac Karabtschevsky (que teve mandato de 1995 a 2001). Novamente a Fênix teria de ressurgir das cinzas, e dessa vez o fogo mostrou-se criminoso: dois eletricistas que trabalhavam nas instalações resolveram causar um pequeno incêndio afim de justificar o atraso de sua empreitada. Fora de controle, as labaredas destruíram quase completamente toda a edificação. A re-construção foi minuciosa, para devolver a Veneza seu principal teatro em todo o antigo esplendor. Mas do ponto-de-vista técnico a nova sala beneficiou-se de novos maquinários de palco e todas as parafernálias modernas.

Em 14 de dezembro de 2003, em concerto regido por Riccardo Muti, e obras de Beethoven (Abertura "A Consagração da Casa"), a Sinfonia dos Salmos de Stravinsky (compositor que descansa num cemitério da cidade) e o Te Deum de Antonio Caldara (um dos 3 grandes compositores venezianos ao lado de Vivaldi e Albinoni). Como nem todo o teatro estava pronto, faltando parte das instalações de palco e coxia, a primeira ópera a ser apresentada no presente edifício foi a "Traviata" em novembro de 2004.

A re-construção manteve a lendária boa acústica da sala, mas não resolveu um problema inerente a todos os teatros de ópera pré-Wagner: como muito mais importante para a sociedade da época era "ser visto" e não "ver", existem lugares que são considerados de primeira categoria mas cuja visão é ruim (como aliás acontece também no célebre Scala em Milão). Em salas como essa se nota que a disposição dos camarotes privilegia a visão dos outros camarotes, em detrimento de uma visão completa do palco. Mas a experiência de estar num lugar tão importante à música, e o precioso trabalho de valorização do passado, presente na estética do interior do teatro em seus espaços comuns, mais a qualidade de suas produções, transforma uma ida ao "La Fenice" numa lembrança inesquecível.

© RAFAEL FONSECA


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, ao postar seu comentário, não deixe de incliur seu endereço eletrônico, para que possamos manter contato! (R. F.)