(1928) RAVEL Bolero

Boléro
  
Compositor: Maurice Ravel
Número de catálogo: M 81
Data da composição: de julho a outubro de 1928
Estréia: 22 de novembro de 1928, Paris, no Palais Garnier (a Opéra), a Orchestre de l'Opéra regida por Walther Straram
   
Duração: de 14 a 17 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 oboés d'amore, 1 corne-inglês, 3 clarinetas, 1 clarineta-baixo, 2 fagotes, 1 contra-fagote, 1 sax-sopranino, 1 sax-soprano, 1 sax-tenor, 4 trompas, 1 trompete-piccolo, 3 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano, bumbo, caixa-clara, pratos, gongo, celesta, harpa, as codas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
 
Na estréia da obra em 1928 na Ópera de Paris, enquanto Ida Rubinstein dançava a coreografia de Bronislava Nijinska (irmã mais nova do lendário Nijinsky) para a novíssima composição de Ravel, uma senhora da platéia, sufocada com a constante repetição do tema, berrou de seu lugar: — "É um louco!". Ravel sorriu e cochichou para o amigo ao lado que ao menos ela "havia compreendido" a peça.

Os boleros surgem no final do século XIX em Cuba e se firmam como canções dramáticas românticas primeiro no México, e depois na América Latina toda, inclusive no Brasil. Ravel, sempre interessadíssimo em revestir danças regionais de brilho sinfônico — haja visto seu Minueto Antigo de 1895, a Pavana de 1910, e A Valsa de 1920 — tinha recebido encomenda de Ida Rubinstein para orquestrar trechos da Suíte para piano "Ibéria" de Isaac Albeniz, mas a família deste já havia vendido os direitos autorais a outro compositor. Surge então esse tema original, inspirado numa oração sufi, ao qual Ravel decide dar o tratamento de um bolero.

Tempo di Bolero: Moderato assai (Tempo de bolero, bastante moderado)
Mas, sem nenhum desenvolvimento, ele quis apenas exercitar a orquestração, criando a sensação de crescendo com a adição de instrumentos. E tirando os graves, todos os instrumentos da orquestra tem sua participação repetindo em algum momento o tema de duas frases. A repetição caminha cada vez mais encorpada na instrumentação até que, quando quase toda a orquestra está a tocar o tema, há uma pequena modulação — necessária, senão como concluir? — para terminar.

Ciente da carência de conteúdo da peça — o que talvez explique sua imensa popularidade — e sua insistência no tema, o próprio compositor, lamentando ser esse seu grande sucesso, diria que fez "uma peça para orquestra de 17 minutos, sem música!".
 
© RAFAEL FONSECA
    

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