(1890) DEBUSSY Suite bergamasque

Compositor: Claude Debussy
Número de catálogo: L. 82
Data da composição: 1890, revisões até 1905
Estréia: [?]

Duração: cerca de 18 minutos
Efetivo: piano

Debussy presta, com esta Suíte, sua homenagem aos grandes cravistas franceses do período barroco, como Couperin e Rameau. A partitura surgiu em 1890 mas não foi tocada ou publicada até 1905, e nesses 15 anos, nos quais o estilo de Debussy mudou bastante, certamente algumas alterações estéticas foram radicais, mas não temos como precisar o que já era inovação do autor no início da década de 1890 e o que foi enxerto posterior. 

São 4 movimentos:

I. Prélude: Moderato (Prelúdio: Moderadamente) — cerca de 5 minutos
Como eram muitas das Aberturas das Suítes barrocas, o movimento inicia vigorosamente, poeticamente declamatório, e com sabor aristocrático. Apesar da referência no estilo antigo, a modernidade de seu desenvolvimento é evidente, com as inconfundíveis "pinceladas" do autor.

II. Menuet: Andantino (Minueto: Sem arrastar) — cerca de 4 minutos
Outra referência ao Barroco, e no caso à maior contribuição que a França legou à música sinfônica, o Minueto, passo miúdo das danças da corte. Mas apesar do nome, e do frescor típico que se espera de um Minueto, este trecho não é exatamente isso: trata-se de um movimento que alterna episódios contrastantes, um muito espirituoso e outro mais misterioso — ambos tratados com imensa inventividade.

III. Clair de lune: Andante très expressif 
(À luz do luar: Confortavelmente e muito expressivo) — cerca de 5 minutos
O trecho mais célebre da obra, e também o mais célebre de todo o legado de Debussy. Na primeira partitura, de 1890, era intitulado "Promenade sentimentale" e passou a ser "Clair de lune" na revisão de 1905, inspirado diretamente em poema homônimo de Paul Verlaine (1844-1896), de onde Debussy também tira o título "Suite bergamasque", dos versos que aludem à Commedia dell’arte e suas "masques e bergamasques". É o trecho mais inovador, de maior liberdade, e símbolo da transformação que Debussy promoveu nas estruturas musicais.

IV. Passepied: Allegretto non troppo 
(Passa-pé: Quase rápido mas não muito) — cerca de 4 minutos
O Passepied foi outra dança de Corte antiga originária da Bretanha, rápida, na qual se passava um pé por cima do outro (daí o nome) e é utilizado aqui com grande vivacidade pelo autor para concluir a peça. Mas na partitura de 1890, o nome era Pavana, e o ritmo usado é o de pavana e não o de passepied — outra alteração na qual Debussy faz referência à tradição mas a usa de forma muito livre. Mas também, séculos depois do Passepied e da Pavana estarem em desuso, quem iria se importar com isso?

© RAFAEL FONSECA


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