(1877) LISZT "Anos de Peregrinação"

Années de pèlerinage

Compositor: Franz Liszt
Número de catálogo: S 160 (I. Suíça); S 161 (II. Itália); S 162 (II. Itália: Veneza e Nápoles; S 163 (III. Terceiro ano)
Data da composição: 1848 a 1854 (I. Suíça); 1837 e 1849 (II. Itália); 1859 (II. Itália: Veneza e Nápoles); 1867 e 1877 (III. Terceiro ano)
Estréia: ?

Duração: cerca de 3 horas todo o ciclo
Efetivo: piano

Em 1842 Liszt fazia publicar seu primeiro ciclo para piano, o "Álbum de um viajante", contendo miniaturas evocativas de suas lembranças das inúmeras viagens que empreendeu como pianista-virtuose, peças escritas em vários lugares entre 1835 e 1838. Esse foi o ponto de partida, e as peças originalmente publicadas no "Álbum de um viajante" foram re-trabalhadas para constarem nos 3 ciclos que juntos perfazem o grande Ciclo "Anos de preregrinação".

Fica claro cada o título explica a natureza da reminiscência e embasa seu conteúdo dramático. O ciclo todo é assim compilado:

Années de pèlerinage, Première année: Suisse (Anos de preregrinação, Primeiro ano: Suíça)

I. Chapelle de Guillaume Tell (A Capela de Guilherme Tell)
A introdução lenta traz a nobreza do libertador suíço, e em seguida a melodia principal evoca a luta pela liberdade, segundo Liszt anotou, com a frase que está na descrição de Schiller, "Um por todos e todos por um". A peça conclui ao som da luta. 
   
II. Au lac de Wallenstadt (No Lago de Wallenstadt) 
Liszt, aqui, recorre à literatura, nas memórias de prergrinação de Byron: "Thy contrasted lake / With the wild world I dwell in is a thing / Which warns me, with its stillness, to forsake / Earth's troubled waters for a purer spring." Marie d'Agoult, amante de Liszt à época, escreveu em suas memórias que, estando o casal neste Lago, "Franz escreveu para mim uma peça melancólica, da harmonia entre o suspiro das pequenas ondas e a cadência dos remos, e eu nunca pude ouvir sem chorar".

III. Pastorale (Uma pastoral)
Idílica passagem de transição.
   
IV. Au bord d'une source (Ao lado de uma fonte) 
Outra vez a literatura, em Schiller: “Do frescor de um sussurro vem o brincar da natureza juvenil”
   
V. Orage (Tempestade) 
E outra vez Byron: “But where of ye, O tempests! is the goal? / Are ye like those within the human breast? / Or do ye find, at length, like eagles, some high nest?”
   
VI. Vallée d'Obermann (Vale de Obermann) 
Mais literatura, a novela de Senancour de mesmo título, passada na Suíça, traçando a trajetória de um herói conturbado pela natureza, pelo tédio e solidão, concluindo que só os sentimentos são verdadeiros. 

VII. Eglogue (Écloga) 
Écloga significa diálogo pastoril em versos. Liszt recorre novamente às memórias de peregrinação de Byron: "The morn is up again, the dewy morn, / With breath all incense, and with cheek all bloom, / Laughing the clouds away with playful scorn, / And living as if earth contained no tomb!"
   
VIII. Le mal du pays (Saudades de casa) 
Candente passagem que traduz as saudades de casa...
   
IX. Les cloches de Genève: Nocturne (Os sinos de Genebra: Noturno) 
Ds memórias de peregrinação de Byron, o trecho: “I live not in myself, but I become / Portion of that around me”.

© RAFAEL FONSECA