(1785) HAYDN Sinfonia n. 83 "A Galinha"

La Poule (A Galinha)

Compositor: Joseph Haydn
Número de catálogo: Hob I:83
Data da composição: 1785
Estréia: Paris, 1787

Duração aproximada: de 20 a 30 minutos
Efetivo: 1 flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, as cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

A década de 1780 coloca Haydn em situação de monotonia no Palácio de seus patronos, os Esteházy, já que o príncipe resolvera se interessar por ópera-bufa italiana e Haydn praticamente nada compôs de música instrumental para ele. Mas o mercado de partituras estava aquecendo e Haydn era constantemente cortejado por casas editorias. Foi quando o empresário Claude-François-Marie Rigoley, Conde d'Ogny, da série de concertos em Paris conhecida como Loge Olympique lhe acenou com a encomenda de partituras e a apresentação delas em sua série de concertos de assinatura.

Nascem assim as chamadas 6 Sinfonias Parisienses, que são um ponto de virada na produção instrumental de Haydn. como a orquestra francesa de Ogny era mais numerosa que a dos Esteházy, Haydn encara a música com mais robustez sinfônica, além de estar preocupado, logicamente, em atingir e impactar um público exigente, já que agora não seria apenas o ouvido de um príncipe a importar...

I. Allegro spirituoso (Rápido e com espírito) — cerca de 8 minutos
A obra abre com um tema cheio de segurança, impositivo e atraente. Diferente da maioria de suas Sinfonias, não há a esperada introdução lenta: a apresentação do tema é direta e bastante vibrante. O apelido que a Sinfonia iria ganhar, em 1831 (anos após a morte do mestre), provém do segundo tema, um gracioso mini-minueto no qual o oboé "cacareja" insistentemente uma única nota. Além da elegância que tanto caracterizou Haydn na escrita sinfônica, temos a ironia leve, gracejante, como elemento-chave no desenvolvimento deste primeiro movimento. As mudanças de atmosfera, os volteios e o permanente bom-humor são marcantes. Vale ressaltar que para um público como o parisiense que ouviu esta obra pela primeira vez em 1787, deve ter sido surpreendente a originalidade da música, que fugia ao estilo galante algo repetitivo de então. Há repetições, claro — pois sem as tais não há música — porém elas nunca são exatamente iguais, trazendo sempre um elemento-surpresa ao ouvinte.

II. Andante (A passo de caminhada) — cerca de 6 minutos
Um movimento espaçoso, cheio de calmaria a princípio, mas que em sua segunda parte revisita ecos do movimento anterior, criando uma ondulação cheia de graça, que será abruptamente interrompida por um fortíssimo inesperado, até conclusão inovadora, misturando várias linhas melódicas.

III. Menuetto: Allegretto (Minueto, passo miúdo: Quase rápido) — cerca de 5 minutos
Um minueto tradicional, quase rústico, mas cuja simplicidade é quebrada pela parte central, com destaque para a participação da flauta, usada lindamente nos contra-temas delicados.

IV. Finale: Vivace (Final: Com vivacidade) — cerca de 4 minutos
O finale é enérgico, inventivo. Num crescendo, as idéias musicais vão sendo transformadas em marchas intensas, uma a uma, e a cada mudança, um novo processo, até atingir o ápice bastante robusto para uma obra do Classicismo.

© RAFAEL FONSECA

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