(1890) CHAUSSON Sinfonia

Compositor: Ernest Chausson
Número de catálogo: Opus 20
Data da composição: setembro de 1889 a dezembro de 1890
Estréia: 18 de abril de 1891 — Salle Érard, Paris, Orchestre de la Société Nationale de Musique, regência do autor

Duração: cerca de 34 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 1 corne-inglês, 2 clarinetas, 1 clarineta-baixo, 3 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpanos, harpa e as cordas (primeiros-violinos, segundos violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Esta ficará sendo a única Sinfonia de Chausson, pois seu outro projeto no mesmo gênero permaneceu nos rascunhos quando de sua morte em 1899. A influência direta é a Sinfonia de César Franck (de 1888), que foi professor de Chausson, e das sonoridades de Wagner, uma influência permanente nesses compositores do fim do século XIX. Chausson não deixou catálogo muito extenso; são 39 Opus, dos quais apenas 4 são peças orquestrais, incluindo esta Sinfonia e o genial Poema para violino e orquestra.

São 3 movimentos:

I. Lent — Allegro vivo (Lento — Rápido e vivo) — cerca de 11 minutos
A introdução lenta é bastante meditativa, densa, de colorido inequivocamente francês, basta pensarmos em Saint-Saëns ou Lalo. A atmosfera lembra também, um pouco, Tchaikowsky, ainda que muito menos exacerbado. Percebe-se o amor de Chausson pelo aspecto lírico das melodias, este que dedicou boa parte de sua produção à música vocal; ele faz os instrumentos "cantarem" com imensa naturalidade. 

II. Très lent (Muito lento) — cerca de 9 minutos
Um lamento. Talvez o momento onde mais se percebe a influência wagneriana, mas por outro lado aponta para um impressionismo que, a esta altura, estava latente e que viria à tona dali a poucos anos pelas mãos de Debussy e depois Ravel. Embora seja uma passagem de extrema beleza, nada surge corriqueiramente, e a gravidade atingida nos leva a um estado reflexivo. das tintas mais sombrias do início, Chausson nos direciona a ares mais épicos, com uma escalada suave de grandiloqüência que — embora sejam universos contemporâneos mas absolutamente distintos — me faz pensar em Bruckner. Perto da conclusão, ecos discretos da Sinfonia de Franck e a frase se dissolve rapidamente, como num suspiro.

III. Animé — Très Animé (Animado — Muito animado) — cerca de 12 minutos
O final abre com uma marcha tempestuosa, muito wagneriana, lembrando a "Cavalgada das Valquírias". Ele revisita temas dos dois movimentos anteriores. A orquestração é bastante sofisticada, e, outra vez, sentimos os instrumentos "cantarem". Este movimento se liga diretamente ao primeiro, reafirmando suas ideias, fazendo com que o movimento central tenha sido o ponto de equilíbrio e também onde guardou-se o espírito da Sinfonia, funcionando os movimentos externos como suas pétalas.

© RAFAEL FONSECA

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